Trono Destruído

| 31 março 2022 |


Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
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Livros anteriores: A Rainha Vermelha | Espada de Vidro | A Prisão do Rei | Tempestade de Guerra

Se existe algo melhor do que quando grandes autores nos dão esse tipo de presente, eu preciso conhecer. É sempre fantástico terminar uma série intensa, bem escrita, daquelas que muda a sua vida, como "A Rainha Vermelha", mas também é muito triste deixar para trás personagens tão queridos.

Poder revisitar esses personagens, conhecer novas histórias desse universo, além de certas passagens nunca contadas, é para arrancar lágrimas de qualquer fã.

Victoria Aveyard nos presenteia em “Trono Destruído” com seis contos reveladores e emocionantes.

Quem não teve curiosidade, durante todos os livros, para saber mais sobre a história dos pais de Cal? Esse é o tema do primeiro conto "Canção da Rainha". Porém, como já sabemos, esse não é um conto com um final feliz, o que parte ainda mais o coração de quem está lendo, ao conhecer Coriane Jacos e ver uma versão completamente diferente daquele que conhecemos como Rei no primeiro livro.

Impossível ler esse conto e não sentir raiva, sabendo, a todo o momento, quem seria a real responsável pelo fim de algo que começou como uma linda história de amor.

Como seria possível para Cal e Maven terem uma vida, sem todas tragédias e desavenças enfrentadas, sendo que, mesmo antes de eles nascerem, todo um mal, personificado por uma única mulher, já cruzava os seus caminhos?

O segundo conto "Cicatrizes de Aço", tem o mesmo tom de tristeza do primeiro. Não sei o que é mais triste: acompanhar uma narrativa e se deparar com uma tragédia de partir o coração, ou ver o começo de algo incrível, mas em que já sabemos todo o sofrimento que aguarda os personagens.

Comecei a ler muito animada, por ter a oportunidade de saber mais sobre a história de Diana Farley na Guarda Escarlate, até que Shade finalmente aparece. Desse momento em diante, meu coração já estava sangrando, exatamente por lembrar o que aconteceria a um personagem tão querido, a uma família tão linda, que foi destruída antes mesmo de poder estar realmente formada. Amei ler novas cenas com Shade, mas é aquela felicidade soterrada pela tristeza de um futuro que não existe para ambos.

O terceiro conto consegue se desvincular um pouco dessa áurea de tristeza que carregamos até aqui. Por trazer personagens inéditos para a trama, "O Mundo que ficou para trás", nos apresenta um pouco da realidade de um vermelho, lutando pelo seu sustento, e uma prateada, fugindo do seu destino. No auge da Guerra, podemos acompanhar dois personagens incríveis, que são um primeiro rastro de esperança para a real aceitação entre vermelhos e prateados. Ao menos aqui, terminei com meu coração inteiro, e até realmente feliz.

Voltando para os personagens já conhecidos, em "Coração de Ferro", temos a história de Evangeline Samos e sua grande paixão, Elane Haven. Evangeline é uma personagem que não facilita nossa opinião entre gostar ou não dela.

Claro que a odiamos no primeiro livro, porém, quando alguns capítulos começaram a ser narrados do seu ponto de vista, fica impossível não compreender muitas de suas atitudes, principalmente seus medos e inseguranças, algo que fica muito claro nesse conto.

Alguém que nasceu para ser Rainha, se tornou Princesa, agora precisava abdicar de todos os seus direitos como uma soberana prateada, só assim poderia ser feliz com o seu grande amor. Porém, estamos falando de Evangeline, alguém grosseira, arrogante, aparentemente insensível, mas que carrega em seu coração mais do que um ser humano, mesmo prateado, pode suportar sozinho.

Esse conto é muito mais sobre Evangeline se abrir com aqueles que ela ama, deixar o seu passado e finalmente começar a construir o seu futuro. Se não como uma princesa, ao menos como uma mulher livre e dona do seu destino.

Ainda não sei o que sentir sobre Evangeline, mas não posso negar que simpatizo um pouco mais com suas ações após ver sua alma tão escancarada quanto nesse momento.

Agora, chegamos a um momento que eu desejei, rezei, pedi muito, desde que terminei "Tempestade de Guerra". Ao final do livro, quando Mare diz que é hora de voltar, quase morri de desespero ao saber que não veria esse reencontro. A existência desse livro de contos só seria realmente completa se esse reencontro acontecesse. O meu grande momento, ou o grande momento de Mare de Cal, acontece em "Luz do Fogo".

Como conseguir fazer que o amor supere barreiras tão grandes quanto as que existiam entre eles? A morte de Maven foi triste e cruel de se ler, e estamos falando de dois personagens que o amaram de formas completamente diferentes, mas intensas.

Ver os dois juntos novamente, após começarem a superar seus problemas, era tudo o que eu precisava para ser feliz. Apesar desse muro de dor e destruição que sempre vai existir entre eles, o amor entre uma vermelha e um Rei que abdicou do seu destino pode superar seus fantasmas, um ajudando ao outro. No fim das contas, ninguém pode entender melhor a dor que Cal e Mare sentem do que ambos.

As dúvidas sempre existirão, se a morte de Maven era realmente inevitável, se eles poderiam tê-lo salvado, mas, enquanto qualquer outra pessoa odiava o Calore mais novo, só eles poderiam entender aquele vazio, e as dúvidas, que sempre estariam presentes.

Apesar de não acreditar que eles terão uma vida completamente perfeita, como um conto de fadas, já acalentou o meu coração saber que pelo menos eles estarão juntos, se consolando e tentando fazer o outro feliz. Aliás, tem uma nota, fora desse conto, mas muito importante sobre o casal, não poderia ter feito o meu coração mais cheio de felicidade.

Victoria Aveyard, porém, guardou para arrancar todas as lágrimas que poderiam nos restar em "Adeus". Um conto do ponto de vista de Maven e Cal. Seu último encontro, suas últimas dores.

Maven, um príncipe que aprendemos a amar e um Rei que a mente nos dizia para odiar, mas o coração nunca permitiu. Ainda menos agora, após estar em sua mente, encontrar um vislumbre daquele príncipe que pensamos existir, mas que tinha sido totalmente corrompido por uma mãe com ódio e sede de poder. Ainda estou com lágrimas nos olhos, apenas por lembrar, por escrever sobre ele.

E para piorar o estrago, temos toda a dor de Cal, como nunca antes vista. Sua última visita ao irmão, tanto em sua vida, quanto em sua morte. Uma lápide que pode quebrar até o coração mais resistente. Um último adeus que vai reduzir qualquer leitor a um montinho soluçante.

O que mais eu posso dizer? "Trono Destruído" era tudo o que eu esperava e muito, muito mais. Seja no quesito de realizações, seja na quantidade de lágrimas... Talvez não tenha deixado meu coração repleto de felicidade, mas, mesmo sabendo como me sentiria, voltaria para esse mundo outras milhares de vezes.

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