A Prisão do Rei

| 14 março 2021 |


Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Adquira o seu exemplar: Submarino, Americanas
Livros anteriores: A Rainha Vermelha | Espada de Vidro

Mare trocou a sua liberdade pela vida de seus companheiros. Agora, a mercê do Rei Maven, ela só podia focar seus pensamentos em como iria fugir daquele tormento. Acompanhada constantemente de pedras silenciosas e prateados que suprimiam o seu poder, cada dia era um martírio. Para piorar, Maven não havia se tornado uma pessoa melhor após se ver livre do domínio de sua mãe. A maldade estava entranhada naquele menino que um dia Mare amou, mas que aparentemente não mais existia.

Victoria Aveyard sabe realmente como criar clímax impactantes. Mal pude respirar durante todo o livro, em meio a agonia que Mare e todos aqueles que estavam longe dela viviam. Ter mais duas narradoras nessa narrativa, Cameron e Evangeline, foi algo que eu nunca imaginei. Duas perspectivas tão diferentes, tão opostas, mas, ao mesmo tempo, que nos trazem uma forma completamente diferente de analisar todos os acontecimentos, fora do olhar já conhecido da protagonista.

Quando temos a narrativa do ponto de vista de Mare, acompanhamos o seu sofrimento, a sua aflição em não ter acesso ao seu poder, em ter sua mente novamente torturada, estar cercada de inimigos, porém, sua principal dor é estar ao lado de Maven, ver os olhos mais gentis de sua existência tomados de horror, refletindo agora o monstro que ele havia se tornado.

Não é possível definir exatamente o que o novo Rei sente por Mare. Ele é um ser amargurado, angustiado, que não confia em ninguém, mas que nutre uma obsessão sem precedentes por aquela que um dia foi sua noiva. Maven era, aparentemente, transparente no primeiro livro, uma pessoa fácil de se ler, mas isso ficou para trás. Não é possível saber se resta amor no seu coração, se já existiu um dia, ou se a mãe destruiu completamente o ser humano que possa ter existido.

Foi ainda mais difícil ver Maven nesse livro. Não consigo esquecer o quanto ele foi especial em "A Rainha Vermelha". Ficamos a todo momento, assim como Mare, em busca daquele garoto tão jovem e tão gentil. Cada vislumbre, cada olhar, é uma esperança para nós, e para Mare, de que ele ainda exista. Porém, essa esperança não dura muito tempo.

A autora deixa a prisão de Mare para nos colocar no meio da Guerra e dos planos da Guarda Escarlate através da visão de Cameron. Uma sanguenova com poderes assustadores. Matar com apenas um olhar pode deixar qualquer um com medo, principalmente alguém que só deseja salvar o irmão.

Mas é incrível ver personagens importantes pelos seus olhos, principalmente o ex-herdeiro do trono de Norta. Sempre vimos Cal pelos olhos de Mare, agora, o vemos pelo ponto de vista de alguém que vê o príncipe apenas como um covarde, alguém que não consegue escolher um lado, que nunca viu os vermelhos como iguais. Vimos defeitos de Cal que antes nunca foram mostrados.

Ele nunca foi uma pessoa perfeita, muito pelo contrário, mas, nunca ficou tão claro suas deficiências, o quanto sua criação o deixou insensível diante de muitas coisas. Quando se trata de guerra, o personagem ainda deixa bem claro qual é a cor do seu sangue, e qual sangue derramado o machuca mais.

O que Cal sente por Mare é a única coisa cristalina. Seu desespero por ela estar nas mãos de seu irmão, o que ela deveria estar sofrendo, o matava a cada dia. Para alguém que seria Rei, seu único ideal de vida parecia ser salvar a sua amada, não importando as consequências.

Por mais que o ponto de vista de Cameron seja muito interessante, nada se compara aos capítulos narrados por Evangeline. Impossível não odiar alguém tão cruel e egoísta nos dois primeiros livros, assim como é impossível não se compadecer se suas dores quando acompanhamos a sua perspectiva. Alguém que nunca foi dona da própria vida, que nasceu para cumprir um desejo de seus pais, que nunca teve realmente voz para fazer o que quisesse.

No único momento em que ela tem um sopro de esperança, de que poderia se livrar de um destino terrível, tudo é tirado dela novamente. Não digo que Evangeline se tornou uma personagem maravilhosa, uma mocinha lutando pelo seu amor, mas, vendo o mundo através dos seus olhos, é impossível não entender suas atitudes e seu comportamento.

Quando um autor nos faz ver personagens já conhecidos com outros olhos, é sempre um golpe de mestre.

"A Prisão do Rei" é como uma prisão para os leitores. O livro te prende e te esmaga a cada página, e não sabemos se venceremos essa guerra, até a última página, quando a autora, mais uma vez, termina a narrativa com a intenção de nos enlouquecer.

 

A seguir, alguns comentários COM spoilers:

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Ainda está por aqui? Siga por sua conta e risco rsrs

 

Posso gritar? É o que eu mais quero fazer ao terminar esse livro. Estou tão desapontada com tantos personagens. São tantas manipulações, tanta política... É angustiante de ler, mas não deixa de ser uma angústia incrível.

Será que a mente de Maven pode ser salva?

Será que existe alguma chance daquele menino gentil ainda existir dentro dele, ou a mãe destruiu qualquer traço de bondade de sua mente?

Cal está realmente disposto a deixar Mare e se casar com Evangeline para se tornar Rei?

Ele realmente será um Rei melhor, mesmo que tenha que magoar tantas pessoas para isso?

Tem alguém realmente com boas intenções nesse livro, alguém que possa ser um bom governante, alguém sem objetivos egoístas?

Sempre disse e repito, bons livros são aqueles que nos causam grandes emoções, por mais que elas nem sempre sejam boas...

Porém, antes desse final desesperador, amei cada cena entre Cal e Mare, pena que, mais uma vez, vou ter que esperar mais um livro para saber o que finalmente irá acontecer entre eles...

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