O Jogo do Coringa

| 30 setembro 2020 |



Autora: Marie Lu
Editora: Fantástica Rocco
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Livro anterior: Warcross

O Neurolink, uma avançada tecnologia que parecia ser a melhor coisa que poderia acontecer para a humanidade, agora era quase uma forma de escravidão. As intenções de Hideo poderiam ser boas, mas Emika sabia que ninguém deveria ter um poder como aquele. O poder de tirar o livre arbítrio das pessoas, de controlar suas emoções. Tudo podia ter começado com tirar a vontade de fazer coisas ruins, de fazer mal as outros, porém, o que Hideo faria quando sua vontade o levasse além disso?

Tudo havia começado com o desaparecimento do irmão de Hideo, mas Emika tinha suas dúvidas se o seu retorno faria com que aquele que ela amava revisse os seus atos. Nem mesmo Sasuke, por mais estranho que parecesse, parecia acreditar que conversar com seu irmão mudaria as suas escolhas, então, antes que as lentes beta fossem ativadas, e ela também fosse controlada pelo Neurolink, teria que impedir Hideo, mesmo que isso os separasse para sempre.

Sabe a única coisa que eu queria após terminar de ler esse livro? Pelo menos mais umas 200 páginas. Isso me faria muito feliz. O livro é incrível, o final é fantástico, emocionante, mas não foi somente a emoção do final a responsável pelas minhas lágrimas nesse momento. Me separar desses personagens, saber que a sua história chegou ao fim, está partindo completamente o meu coração.

Marie Lu não é apenas uma escritora, ela é um gênio da escrita, alguém realmente única. Nunca, em toda a minha vida literária, encontrei uma autora com mais de uma série publicada em que todos os livros não fossem menos do que perfeitos. Isso é quase uma loucura!

No segundo, e último, livro da série "Warcross", os dois protagonistas que aprendemos a amar estão em lados opostos, cada um com as suas crenças, lutando por aquilo que acreditam ser o certo. Apesar de estarmos do lado de Emika, de também acreditar que tirar o livre arbítrio de toda a humanidade seja errado, é impossível não entender o lado de Hideo, alguém que cresceu sem o irmão, porque ele havia sido sequestrado, sem deixar nenhuma pista de seu paradeiro, principalmente quando vemos criminosos se entregando para a polícia ou tirando a própria vida, a criminalidade desaparecendo e o mundo se tornando um lugar mais seguro.

Porém, nenhuma pessoa é tão perfeita a ponto de nunca usar esse poder para algo mais egoísta, ou para não ter coragem de voltar atrás quando, além de criminosos, outras pessoas começam a se machucar.

Conhecemos muito dos sentimentos de Hideo nesse livro. Ele chegou ao topo do mundo em muito pouco tempo, devido a sua inteligência, porém, a criança que perdeu o irmão, que se sentia responsável pelo seu desaparecimento, ainda vivia dentro daquele jovem que só queria o irmão ao seu lado novamente.

É muito triste ir a fundo da história de Sasuke e de seu irmão. É desesperador acompanhar o relacionamento de Hideo e Emika, sabendo que suas escolhas podem separá-los para sempre. E é cruel entender tudo o que realmente aconteceu para que eles chegassem a aquele ponto. O quanto uma pessoa com seus próprios medos pode fazer mal aos outros, sem se importar com mais nada e nem ninguém?

Um livro simplesmente fenomenal. "O Jogo do Coringa" é uma obra que vai ficar no meu coração por muito tempo. Assim como aconteceu com a série "Legend", já estou torcendo para a autora decidir nos presentear com uma continuação desse universo fantástico. A história de Hideo e Emika que começou em Warcross pode ter terminado, mas esse é um universo tão amplo, que eu tenho certeza que ainda tem muitas histórias para nos contar.


A seguir, alguns comentários COM spoilers:

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Será que Marie Lu não cansa de nos chocar com revelações incríveis?

Cheguei a sentir muita raiva de Hideo por suas atitudes, porém, ver a sua dor quando descobriu que o irmão havia morrido há muito tempo, destruiu qualquer estrutura que eu pudesse ter para continuar a não entender as suas atitudes.

Além disso, encontrar uma versão de Sasuke que pensava como seu irmão, tinha quase todas as suas memórias, mas não os mesmos sentimentos, foi uma das coisas mais cruéis que eu já li.

Por isso, é impossível não chorar no final do livro, quando Sasuke, mesmo que a apenas a sua versão virtual, tem todas as suas lembranças de volta, incluindo os seus sentimentos, e interage com o irmão uma última vez. Era o reencontro que todos esperávamos, claro que, com Sasuke vivo, porém, acredito que isso tenha tornado aquela cena ainda mais emocionante, apesar de mais triste.

Achei interessante a autora fazer os personagens pagarem pelos seus crimes perante a lei. Apesar de entendermos Hideo e suas motivações, continua sendo errado o que ele fez, e vê-lo sendo julgado e condenado por suas ações, pode ter sido chocante, mas foi o certo. No final, a autora conseguiu ainda trazer um pouco de esperança de que tudo ficaria bem para Hideo e Emika, mas, ainda vou ficar esperando algo a mais do que uma notícia de jornal em que eles estavam de mãos dadas saindo de um restaurante... isso me faria muito feliz.

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