Silêncio

Autora: Richelle Mead

Editora: Galera Record

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Um povo que vivia no alto da montanha, presos por uma série de perigos em sua descida e pelo agravante de nada escutarem. Um povo refém daqueles que viviam no mundo abaixo, com acesso a comida e muitos recursos, mas que só lhe dispensavam alimentos em troca do minério que eles extraiam todos os dias com muito custo. Quando Fei passa a escutar, milagrosamente, uma nova possibilidade poderia surgir para um povo que sobrevivia com cada vez menos e com mais medo.

Fei era uma artista, uma das pessoas responsáveis por registrar a história de seu povo. Li Wei um simples minerador, apenas mais um entre muitos que passava seus dias apenas em busca dos minérios que alimentaria o povoado no dia seguinte. A comida cada vez mais escassa, assim como os minérios, o povo com cada vez mais fome e começando a perder a visão, além da audição e todos sem a capacidade de descer algo tão perigoso quanto o lugar em que eles viviam.

Ao recuperar a audição, Fei percebe que os perigos seriam muito menores, que escutar lhe daria uma vantagem importante em uma montanha tão imprevisível. Dessa forma, ela e Li Wei partem em busca de respostas, e de uma forma para melhorar a vida para todos aqueles que não têm mais esperanças. Porém, a razão pela qual seu povo sofre tanto pode ser muito cruel, e apenas antigas lendas podem salvá-los de um destino ainda pior do que sua vida até então.

Sou completamente apaixonada pela série “Academia de Vampiros”, também da autora Richelle Mead, então comecei a ler esse livro com grandes expectativas do que eu poderia encontrar nessa narrativa. Devo confessar que não me marcou tanto quanto a série de vampiros, mas é um livro que caminha por caminhos muito parecidos, mas realçando pontos talvez até mais importantes.

Se em “Academia de Vampiros” temas como preconceito, distinção de classes, lutas para mudar o sistema caminham como pano de fundo para a história das protagonistas, no livro “Silêncio” eles assumem o papel principal.

Um livro de fantasia, mas com uma forte conexão com universos distópicos. Impossível ler esse livro e não entender o quão totalitário é o regime em que vivem os protagonistas, o quanto eles estão sendo enganados e o quanto sua batalha para mudar o mundo em que vivem é necessária.

É incrível a forma como a autora lidou com protagonistas que nunca tiveram contato com os sons, como ela narra sua ambientação com o mundo sem esse sentido e, no caso da protagonista, o quanto pode ser angustiante e incompreensível ser inserida nesse mundo sem nenhum preparo ou conhecimento.

A parte fantástica da obra é muito bem-vinda, e quase uma surpresa no decorrer do livro. “Silêncio” nos coloca na vida de dois protagonistas que se conheceram muito jovens, foram separados por diferenças sociais e se unem novamente por um bem maior. Força e coragem não faltam, mesmo em um mundo tão silencioso quanto o dessa narrativa.