Bianca não era uma jovem comum. Ela não gostava de festas
como suas amigas, não acreditava que o amor verdadeiro poderia existir em uma
idade tão jovem e nunca se importou com que as pessoas pensavam dela, até que o
dia em que Wesley Rush disse que ela a Duff de seu grupo, a menina mais
acessível por ser a menos atraente. Tudo em que Bianca acreditava a forçava a
não se importar com aquilo, mas era totalmente impossível não se sentir
arrasada por descobrir ser algo que ela nunca cogitou existir.
Há algum tempo, eu postei minha crítica sobre o filme,
dizendo o quanto eu tinha me apaixonado pela história e o quanto eu estava
louca para ler o livro. Agora, não deixei de gostar do filme, mas ainda bem que
eu o assisti antes de ler o livro, senão, talvez eu não tivesse gostado nem um
pouco dessa adaptação, que deixa tanto a desejar, perante um livro tão
maravilhoso.
A autora, Kody Keplinger, criou uma personagem jovem, que
tem uma vida inteira pela frente, mas, mesmo sem perceber, usa uma armadura de
frieza, sarcasmo e indiferença para tentar solucionar os seus problemas. Ela
finge não se importar com nada, mas no fundo tem medo de tudo, medo do que
possa acontecer com sua família, medo de perder as amigas e medo do que pode
acontecer se ela realmente entregar o seu coração, realmente se apaixonar.
Por outro lado, para tentar fugir dos problemas, Bianca se
joga de cabeça nas oportunidades, o que cria a parte mais interessante do
livro. Enfrentando a separação dos pais e uma paixão platônica, ela não vê
problema em usar Wesley para tentar esquecer os seus problemas. Mesmo que ele
não a ache atraente, mesmo que ele a chame de Duff em qualquer oportunidade
possível, ela acaba se viciando em estar com ele, em estar fisicamente ligada a
alguém. Ela sabe que ele só a está usando, como ele faz com todas as garotas
que cruzam o seu caminho e a personagem tem certeza que está fazendo a mesma
coisa com ele. Até o momento em que os seus sentimentos começam a se
descontrolar, e aquela ligação, apenas física, começa a virar algo mais.
Wesley não é o personagem que eu esperaria. Ele não é
exatamente um príncipe encantado, mas é impossível não vê-lo com bons olhos.
Apesar do seu comportamento, ele é sincero com os seus sentimentos e suas ações.
Acima de tudo, nunca enganou ninguém. Todos sabem que ele é um galinha, que
dorme com qualquer garota que deseje passar uma noite com ele, mas nada além
disso. Quando o seu “relacionamento” com Bianca começa, a personagem sabia com
quem estava lidando, e o leitor também, então, não tem como nós ficarmos com
raiva dos acontecimentos, principalmente quando as atitudes do garoto começam a
mudar, e um príncipe começa a despontar de algum lugar daquele coração
aparentemente impenetrável.
É impossível ler o livro e não comparar com o filme, que eu
assisti anteriormente. A adaptação, hoje eu vejo, pecou por não se aprofundar
tanto na história. No livro nós temos problemas familiares, alcoolismo e o uso
do escapismo como temas muito aprofundados e bem desenvolvidos, enquanto o
filme transformou tudo isso em apenas uma comédia romântica sem realmente se
aprofundar em nenhum dos temas mais fortes que constroem a narrativa. Continuo
gostando do filme, é bonitinho, mas acredito que poderia ter sido mais fiel ao
livro.
“Duff” conquistou totalmente o meu coração. Uma protagonista
que quer ser alguém independente, que não se importa com a opinião dos outros,
mas que realmente precisa aprender a se aceitar para que isso aconteça. Um
garoto com problemas familiares, que não deixa ninguém se aproximar, para que
não descubram o quão imperfeito ele pode ser. Duas pessoas tão diferentes, mas com
o mesmo objetivo, objetivo esse que todos nós sempre estamos em busca: sermos
felizes.
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