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Depois do que pareceu uma eternidade, com aquele homem me encarando, e eu pensando se deveria começar a gritar ou sair correndo, finalmente ele decidiu falar alguma coisa.
Depois do que pareceu uma eternidade, com aquele homem me encarando, e eu pensando se deveria começar a gritar ou sair correndo, finalmente ele decidiu falar alguma coisa.
- Qual o seu nome? – Ele perguntou me olhando, parecendo
querer analisar cada parte do meu rosto.
- Cecí... – Comecei a dizer meu nome, mas parei, me dando
conta de que talvez isso não fosse uma boa ideia.
- Cecí? – Ele perguntou de forma levemente irônica,
parecendo achar graça naquele nome estranho. Isso foi um alívio, porque pelo
menos serviu para diminuir aquela forma intensa com que ele me olhava. – Um
nome... singular. – Ele pareceu ter alguma dificuldade para encontrar aquela
última palavra.
Abaixei a cabeça, sem saber o que responder. Agora que a
fome não era exatamente a principal coisa que passava pela minha cabeça, eu não
sabia o que faria naquele momento, ou o que faria com a minha vida. Aquele
homem pareceu ler meus pensamentos, e me perguntou algo que eu não sabia o que
deveria responder.
- Então, Cecí, o que você vai fazer agora? Tem algum lugar
para onde ir?
Eu não era tão idiota a ponto de pensar que o estado das
minhas roupas e o meu desespero por comida não respondessem a sua pergunta. Por
mais que eu realmente tivesse para onde ir, diferente de todas aquelas outras
pessoas miseráveis que estavam ali, eu não podia voltar para a minha casa. Não
naquele momento. Não sei se foi meu silêncio, ou meu olhar, mas ele não esperou
por muito tempo por uma resposta.
- Se quiser, eu posso ajudar você. – Ele me encarou
novamente, como que imaginando o que poderia fazer comigo. Eu só não consiga
definir se aquilo poderia ser algo bom ou ruim. – Venha comigo.
Ele virou as costas, sem esperar uma resposta e sem ver se
eu estava realmente indo atrás dele. Como aquele homem estava indo para a parte
mais movimentada do vilarejo, eu decidi que não me faria nenhum mal ir atrás
dele. Eu poderia escapar mais facilmente em meio a outras pessoas.
Quando eu finalmente decidi que não ficaria com ele por
muito tempo, nós finalmente estávamos em um lugar repleto de pessoas, mas eu
pude perceber naquele momento o que eu não vi antes, em meio ao meu desespero
por comida.
Quando eu vi a cavalaria do meu Reino, pensei que talvez
eles tivessem realmente me procurando, afinal de contas, eu sou a princesa,
mas, nunca imaginei que meu pai chegaria a aquele ponto.
Cartazes com meu rosto estavam espalhados em vários lugares.
Aquele era um dos meus melhores retratos, eu estava linda, arrumada e radiante,
o que era a minha sorte. Ninguém me reconheceu naquele estado catastrófico que
eu estava agora, o que provavelmente teria acabado totalmente comigo, porque,
ao invés de meu pai escrever que ele estava procurando por sua filha, o cartaz
estava à procura da amaldiçoada que havia levado a princesa. Com a minha foto.
Isso era como se ele quisesse acabar comigo, completamente. E a recompensa era
sem precedentes.
Olhei para os lados ansiosa, sem saber como agir. Se alguém
me reconhecesse, seria meu fim. O que me restava naquele momento, era abaixar
os olhos e seguir aquele desconhecido que tinha, por tanto tempo, me encarado
de forma minuciosa. Só me restava torcer para que ele não tivesse me
reconhecido e estivesse atrás de sua recompensa.
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Andamos por algum tempo, até chegarmos a uma casa, ainda
dentro do vilarejo, mas não em sua parte mais povoada.
Ele abriu a porta e não me convidou para entrar, mas a
deixou aberta, e eu segui em frente. Não havia muitos móveis, apenas
absolutamente o básico e necessário. Parecia ter mais alguns cômodos, o que eu
não conseguia realmente ver. Talvez homens precisassem de menos coisas para
sobreviverem mesmo. Ele tirou a capa que estava vestindo e a jogou de qualquer
jeito em uma poltrona, na qual ele se sentou. Olhei para os lados, e já ia me
sentar em uma poltrona próxima, mas ele me impediu.
- Você está imunda. – Não pude deixar de enrubescer com o
seu comentário. – Vá se lavar primeiro,
depois nós conversamos. Ali é o banheiro. – Ele apontou para uma porta adiante.
– Você vai encontrar uma capa limpa ali dentro, em um armário, pode usá-la se
quiser.
Sem fazer mais nenhuma pergunta, fiz o que ele disse.
Tranquei a porta, aliviada de que ali tivesse uma chave. A capa da qual ele me
falou, era bem parecida com a que ele mesmo estava usando, e cobriria todo o
meu corpo. Aquele capuz também seria bem útil, quando eu saísse e precisassem
tampar meu rosto.
Me lavei e consegui perceber vários arranhões e machucados,
principalmente nas partes que estavam descobertas. Meus pés estavam em um
estado lamentável, assim como meus tornozelos. Meu rosto também estava queimado
pelo sol, coisa que nunca tinha me acontecido. Detestei me olhar no espelho,
mas, pelo menos fiquei satisfeita em ver que as minhas feições estavam muito
diferentes da princesa dos cartazes.
Com o rosto mais queimado, como se eu fosse uma trabalhadora
comum, sem minha maquiagem usual e com o cabelo jogado de qualquer jeito, sem
um elaborado penteado, talvez, se eu fosse extremamente cuidadosa, pudesse
passar sem ser reconhecida, até encontrar uma forma de quebrar aquela maldição
e provar para todos que eu era a princesa.
Mas, aquele era outro grande problema. Se aquela amaldiçoada
falou a verdade, eu teria que abrir mão da coisa mais importante da minha vida.
O que poderia ser mais importante do que eu ser uma princesa? Mas, isso era
algo que eu não tinha no momento, e exatamente o que eu estava lutando para
conseguir de volta. Eu não fazia ideia do que poderia ser.
Porém, não era hora de pensar naquilo. Eu tinha problemas
mais urgentes, como o homem misterioso que estava me ajudando, mas que eu não
fazia ideia a que preço.
Jana!
ResponderExcluirTão interessante ler o conto em partes...
Muito bom!
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”(Vinicius de Moraes)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Que bom que você está gostando :D
ExcluirBeijos!!!
Esses tempos sem internet me fez ter uma saudde do CC e desse conto que está maravilhoso!!!hahhahaha <3
ResponderExcluirheheeh, que bom que está gostando (e que voltou a ter internet :D)
ExcluirBeijos!!!