As Cores do Entardecer

| 14 abril 2015 |
Dorrie é uma mulher independente, que tem o seu próprio salão e cuida dos filhos sozinha. Um dia, uma de suas clientes, Miss Isabelle, alguém para quem ela tinha uma verdadeira afeição, lhe pede um favor um tanto curioso: para que ela lhe levasse para sua cidade natal, onde ela precisava a ir a um velório. No caminho, Dorrie irá descobrir, através das palavras de Miss Isabelle, uma história de amor entre dois jovens que desejavam ardentemente partilharem suas vidas. Seria uma história encantadora, se ela não fosse entre uma jovem branca e um rapaz negro, em plena década de 30, em uma das regiões mais preconceituosas dos Estados Unidos.

Eu ainda não decidi o que é mais doloroso para o coração de um leitor, você acompanhar uma história e encontrar um final repleto de sofrimento, ou já saber desde o começo do livro que o final não será nenhum mar de rosas, mas, mesmo assim, torcer para que o escritor esqueça o que ele escreveu no começo e que o final seja maravilhoso para os protagonistas. Em “As Cores do Entardecer”, temos capítulos intercalados entre os dias atuais e o passado de Miss Isabelle. Esse fato nos faz ter uma boa ideia de que rumo irá tomar a história que ela conta sobre a sua juventude, porém, isso não faz com que doa menos no final do livro.

Isabelle McAllister era uma jovem de uma família não tão cheia de posses, porém, que desejava ardentemente ser uma família modelo para a Cidade, pelo menos isso era o que sua mãe mais desejava, portanto, qualquer tipo de escândalo que pudesse afetar a sua reputação era algo completamente inadmissível.

Ela vivia em uma época em que pessoas negras eram vítimas de um preconceito enorme, realmente uma segregação racial, tanto que, em sua cidade, eles eram proibidos de circularem após o pôr do sol.

Quando Isabelle se apaixona por Robert Prewitt, um homem negro, filho de uma das empregadas de sua casa, ela estava disposta a tudo para viver esse amor, porém, é impossível lutar contra tudo e contra todos, quando se vive em um lugar onde todos, inclusive a sua própria família, condenam o seu amor.

É realmente de cortar o coração ler esse livro, principalmente ao chegarmos ao final e lermos que a autora se baseou na vida de sua própria avó, que, nessa mesma época contada na narrativa, se apaixonou por um homem negro, mas não pôde levar seu romance a diante. Quantas pessoas não devem ter passado pela mesma situação? Quantas pessoas não devem ter sido obrigadas a se afastarem de alguém querido e sofreram de uma forma descomunal, apenas pela intolerância, pelo preconceito e pela ignorância dessas pessoas que se consideravam melhores apenas pela sua cor?

Julie Kibler teve o dom de nos fazer entender desde o começo como a sua história terminaria, porém, os personagens são tão sensíveis, tão reais, cada página é escrita com tanta emoção que é impossível largar o livro, e, ainda mais, segurar as lágrimas quando chegamos ao derradeiro final. Essa é a história de um casal que tinha tudo para ser feliz, mas, diante das escolhas e das pedras que a vida colocou em seu caminho, escolheram, ou foram obrigados a escolher, um destino que não lhes traria felicidade, mas pelo menos fez outra personagem muito importante entender que ela não deveria perder as oportunidades que apareciam em sua vida.

“As Cores do Entardecer” é um livro triste e encantador, mas que nos deixa com um pouco de raiva de todas as situações que eles enfrentaram. Muito além deles terem passado por situações ruins, eles passaram por situações reais, situações extremamente preconceituosas que, infelizmente, ainda podemos encontrar no mundo de hoje. É triste ler um livro com esse tema e ainda mais triste imaginar um mundo com pessoas que ainda pensam assim. 

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