A Contrapartida

| 24 abril 2019 |

Editora: Valentina


Uma frase perfeita define esse livro: para toda ação existe uma reação. A obra é centrada em torno da vida de Tavinho, ou Dr. Octávio, porém, todos aqueles que passaram por sua vida foram primordiais para cada uma de suas escolhas, principalmente Iaúna, uma índia acolhida por sua mãe, que também o criou como um filho, mesmo cometendo atrocidades por ele.

Fico muito feliz em ver que a Editora Valentina está apostando em gêneros diferentes para o seu catálogo. Sou uma pessoa apaixonada por fantasia e romance, mas é impossível não se ver presa por essas páginas tão tensas, por mais sangrentas que elas sejam.

Tavinho perdeu o pai em um assalto quando tinha apenas quatro anos. Criado apenas pela mãe e pela índia Iaúna, ele queria orgulhá-las, é também ao pai, mesmo que ele não estivesse mais aqui. O problema é que o menino tinha muita dificuldade com os estudos, por mais que ele se esforçasse para aprender, nada parecia se fixar em sua mente.

Iaúna, querendo ajudar aquele garoto que ela tanto amava, lhe ofereceu uma saída para que ele ficasse mais inteligente, um ritual que era feito em sua tribo antes dela ser dizimada. Tavinho beberia um elixir que lhe concederia a inteligência de outra pessoa. Para que o ritual funcionasse, era necessário usar o coração de alguém, arrancando do seu corpo ainda vivo, além do cérebro. Os dois só matavam pessoas ruins para esse ritual, portanto, não tinha nenhum problema, eles estavam limpando o mundo de tanto mal. Ou será que não?

Acredito que seja possível perceber o quanto essa obra pode chocar quem está lendo. Não é fácil de se aceitar as escolhas dos protagonistas, ou perceber quão longe alguém pode chegar para conseguir aquilo que deseja.

Todos os personagens são surpreendentes. Cada um deles, em algum momento, parte em uma direção que não tem mais volta. Nos surpreendendo com o quanto uma pessoa amável, apaixonada ou bondosa pode, em uma única escolha, se tornar alguém completamente diferente.

Dizer que eu estou perplexa com o final é pouco. Até o último momento o autor, Uranio Bonoldi, conseguiu esconder a intenção de personagens acima de qualquer suspeita, além de literalmente até a última linha nos lembrar que cada escolha tem uma consequência, e ela pode ser a mais terrível.

A capa está incrível. Remete a todo o tormento a que seremos submetidos lendo esse livro. Amei a diagramação dividida em fases. Deixou ainda mais marcante cada passagem importante para o protagonista.

"A contrapartida" é uma obra singular. Te faz ter sentimentos bem controversos, mas também angustia na maior parte do tempo. Personagens marcantes que nos levam a tentar entender suas motivações, nem sempre com sucesso, mas sempre nos instigando para saber qual será a consequência final de tantas escolhas incompreensíveis.

3 comentários:

  1. Ah como eu quero ler este livro!!! Quando o vi pela primeira vez, já me apaixonei pela capa e ao ler sobre o que a história trazia, me veio nitidamente Jantar Secreto do Raphael Montes(meu autor nacional favorito).
    E oh, tudo que li até o momento sobre este livro, é super positivo.
    O ser humano é capaz de ir muito além do que imaginamos, para sim, conseguir algo em seu favor.
    Quero demais ler a obra o quanto antes!!!
    Beijo

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  2. Jana,de fato,esse livro nos mostra até que ponto podemos chegar para alcançar os nossos objetivos.
    E quem parecia inocente,se torna um monstro como consequência de suas escolhas.
    E o pior, é que sabemos que pessoas capazes de cometer várias atrocidades tem aos montes por aí. Basta ligar a TV para termos uma ideia. :(


    Já li alguns livros parecidos com esse,e geralmente terminamos a leitura com uma sensação estranha,de angústia mesmo como você nos contou.

    Como gosto de livros e filmes do gênero,fiquei curiosa em conhecer essa história macabra.

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  3. Cada vez mais me admiro com nossos autores nacionais.
    Amo thrillers e esse parece que prende do início ao final.
    Gosto quando o livro mostra o passado para que possamos entender tudo que acontece no presente do enredo.
    E quando há a questão moral envolvida, que nos faz questionar determinadas atitudes e como reagiríamos se fosse conosco. Imagino que a visão empresarial de palestrante do autor, soube colocar direitinho esses fatos ao livro.
    cheirinhos
    Rudy

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