Estrela da Manhã

| 14 agosto 2016 |


Muitos meses se passaram desde que Darrow fora capturado. Até a mais forte das mentes sucumbiria a tanto tempo de tortura. Nas mãos do Chacal, ele acreditava que morreria sem ver a luz do sol novamente, que a soberana tivesse vencido, que tudo pelo qual ele havia lutado tinha sido em vão.

Todos acreditavam que Darrow estivesse morto. O Chacal fez questão de assassinar alguém, fingindo ser o Ceifeiro de Marte, para que servisse de exemplo para os outros Ouros e fizesse com que os Filhos de Ares desistissem de encontrá-lo. Sevro, que havia assumido o lugar de seu pai na liderança dos Filhos, nunca acreditou nessa história. Através dele, muitos ficaram sabendo a real história de Darrow, tudo o que ele havia passado para se tornar um Ouro.

Quando eles finalmente conseguem resgatar o melhor mergulhador do inferno que Marte já viu, Darrow se tornou uma lenda entre todos aqueles que sofriam com a escravidão, mas o Ceifeiro havia sofrido demais nas mãos do irmão de Mustang para continuar sendo o mesmo homem que era antes de ser capturado. Ele precisava encontrar forças dentro de si para voltar a ser esse homem, a única pessoa que poderia unir os baixa e média Cores contra a sociedade, o único que poderia trazer a verdadeira paz, através da igualdade. Mas, para que isso acontecesse, milhões precisariam morrer, precisariam se sacrificar, em nome da guerra.

Em “Fúria Vermelha” somos apresentados a esse mundo distorcido que os Ouros criaram com a intensão de sempre mostrarem e garantirem o seu poder. Se uma escola poderia ser violenta daquela maneira, imagine o mundo real? “Filho Dourado” rompe alianças consideradas inatingíveis, amigos se tornam traidores, perdas irreparáveis acontecem e tudo parece estar perdido. “Estrela da Manhã” chega como um balsamo de esperança, regado também por muitas cenas de horror, momentos que parecem sem escapatória e um dos melhores, senão o melhor, final de uma trilogia de todos os tempos.

Ainda não recuperei o fôlego, mas meu coração já entendeu o que talvez minha mente ainda não tenha conseguido assimilar: “Red Rising” é uma das séries mais fantásticas e surpreendentes que eu já tive a oportunidade de ler.

Pierce Brown sabe como ninguém escrever sobre uma guerra. Ele conduziu com a maestria de um regente das palavras cada página. Um mocinho, por mais que suas intensões sejam nobres, não pode vencer uma guerra. O protagonista flerta com o seu lado antagonista. Se muitas de suas ações podem ser questionáveis do ponto de vista ético e moral, elas são compreensíveis do ponto de vista da guerra. Ele não mede esforços para conseguir aquilo que deseja, ele não fraqueja na hora de fazer o que é necessário, mesmo que muitas vidas sejam perdidas, se isso for salvar o futuro que Eo desejou para os seus filhos.

A vingança não conduz mais as escolhas de Darrow, e sim o futuro que ele pode construir. Mas nem isso faz com que suas escolhas não sejam frias ou calculistas, mesmo que ele saiba que cada uma daquelas mortes irá lhe assombrar até o último dos seus dias.

Eo, que foi o início de toda uma revolução, a esperança de todos aqueles que veem em seu sacrifício a força que eles necessitam para romperem as correntes, é totalmente desmistificada nesse livro. Não para aqueles que lutam pelo seu sonho, mas para o primeiro que fez isso. É incrível como o autor coloca Darrow percebendo o quanto o sonho de sua mulher era pequeno, o quanto ela era completamente ingênua perante tudo o que eles realmente tinham que fazer e o quanto o Ceifeiro se sentia distante do homem que a amou um dia.

Estamos no meio de uma guerra e o leitor sabe que mortes irão acontecer, mas nem por isso você está mais preparado para nenhuma delas. Tamanho sofrimento, muitas vezes regados a traços de crueldade, só nos faz perceber o quanto o autor conseguiu com que nós nos conectássemos com cada personagem, que criássemos um vínculo de amor indescritível, mesmo com aqueles que pareciam ter escolhido o lado errado, lembrando que, em uma guerra, lado certo ou errado, nada mais é do que um ponto de vista.

Como em nenhum dos livros anteriores, as pessoas ao redor de Darrow fizeram toda a diferença. Ninguém faz uma guerra e conquista nada sozinho, mas estar cercado pelos melhores e mais fiéis amigos que alguém poderia ter e por pessoas imprevisíveis, que poderiam acabar com todos a qualquer momento, era como caminhar sobre o fio de uma navalha, a angústia presente a cada esquina.

Em geral, livros tem como estrutura básica uma introdução, desenvolvimento e um clímax para marcar o final da história. Pierce Brown, em um livro com mais de 600 páginas, conseguiu fazem com que, do começo ao fim, parecesse ser o final do livro. É como se tivéssemos, um clímax, outro clímax, um novo clímax... infinitamente. Sem nenhum momento para descanso ou respiro para o protagonista, muito menos para o leitor, que passa cada página com o coração na mão.

O livro inteiro é tenso e angustiante, mas o final quase fez meu coração sair pela boca. Uma sequência de sentimentos me fizeram odiar e amar o autor a cada reviravolta. Mas também somos recompensados com a esperança. A esperança no amor, na família e na vida que segue.

Terminei o livro às duas da manhã sem o menor sono, extasiada demais após ler um livro tão incrível, fantástico, surreal, impossível de defini-lo com apenas um adjetivo, ou encontrar um na nossa língua que possa passar o sentimento do que foi viver essa experiência. Acho que só é possível realmente definir algo lendo esse livro, mas essa definição surgirá dentro do seu coração, com aquele sentimento único de ter lido algo que irá marcar você para sempre. 

6 comentários:

  1. Nossa é uma ação total em torno do livro todo e prestar atenção em todos os detalhes é de livro assim que eu gosto e me prende, ainda não li o livro mas ainda vou ler. Obrigada pela dica de livro!!!!

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    1. Espero que você também se apaixone por essa série :D
      Beijos!!!

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  2. Esse livro..., eu quero e to apaixonada para ler rapidinho porque não aguento a agonia essa capa maravilhosa realmente dos poucos livros que eu fico louquinha para comprar esse ta na minha lista!!! Abraços.

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    1. Esse livro derrubou todas as minhas estruturas. É muita perfeição para um livro só *o*
      Depois me conte o que achou.
      Beijos!!!

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  3. É difícil chegar ao final desse livro sem ama-lo completamente. Do inicio ao fim dessa história, me emocionei, fiquei feliz, triste, pulei, gritei... Transferir muitos sentimentos para essa leitura e valeu cada momento. Agora é esperar para ver o que o autor tem para nós daqui para frente <3

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    1. Falou tudo, Francisco :D
      Foi uma honra ler algo tão fantástico quando "Red Rising". Mal posso esperar pelas próximas aventuras de Pierce Brown.
      Beijos!!!

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