Primeiro e Único

| 28 junho 2015 |
Shea nasceu em uma família um tanto desajustada. Com um pai que largou a primeira mulher para ficar com a sua mãe, e depois largou a sua mãe para voltar para a primeira mulher, ela cresceu com uma mãe com uma fixação nada saudável pelo ex-marido e um pai ausente. Por consequência, ela foi “adotada” pela família da sua melhor amiga, Lucy. Com eles, ela sentia estar em um verdadeiro lar, e lá ela conheceu aquela que viria a ser a sua grande paixão: o futebol americano. Porém, o esporte não seria a única paixão que ela encontraria nessa sua segunda família.

Crescer em uma cidade onde o futebol americano é o centro de tudo era um orgulho e uma paixão para Shea. O treinador Carr, pai de Lucy, sempre foi o seu grande ídolo, seu exemplo, alguém que ela admirava até mais do que o esporte em si. Quando a esposa do treinador falece, foi como uma bomba atingindo toda a cidade, mas todos prometeram fazer o melhor que eles pudessem para que a vitória naquele ano fosse em sua homenagem. Shea até tenta se desvencilhar um pouco do que a mantinha presa naquele lugar, ir atrás de novos rumos, novos desafios para a sua carreira, porém, quando a paixão por um time é incontrolável, e quando ela começa a descobrir que os seus sentimentos pelo treinador vão muito além de admiração, ela se vê no meio de um dilema. Escolher entre o que é certo, respeitar a memória de uma mulher que ela também admirou, a dor que a sua melhor amiga estava sentindo ou seguir o seu coração e lutar por aquele amor que ela havia suprimido por tanto tempo.

O que eu achei interessante nesse livro foi a forma como a autora construiu os seus personagens. Sempre fico com um pouco de raiva de personagens bons demais ou perfeitos demais. Isso é muito surreal, ninguém é assim na vida real, todos cometem erros, portanto, é muito interessante encontrar um livro em que todos os personagens, em algum momento, revelam suas fraquezas, aquilo que os tornam realmente humanos.

Shea não é aquela protagonista puritana que se guarda eternamente para o seu grande amor. Ela tem três relacionamentos distintos no curto período da narrativa, mas todos eles são tão naturais e você percebe, pelo menos nos dois primeiros, que ela realmente queria que tivesse dado certo, que ela tentou até onde era possível, até quando seu coração permitiu. Eu gostei de conhecer uma protagonista dessa forma, uma mulher mais real do que estamos acostumados a ler, alguém que encara um relacionamento com alguém de quem ela goste, mas não exatamente ame, como uma oportunidade de ser feliz, apesar de saber que pode não dar certo. Gosto muito de uma cena em que ela faz algo que sua melhor amiga queria, mas que não era exatamente o que faria Shea feliz. Ela faz o que considera “certo”, mas não consegue não sentir raiva de sua amiga por isso. Eu achei essa cena tão humana que foi impossível não simpatizar com a personagem e com o que ela estava sentindo.

Mesmo o treinador Carr, alguém que, aos olhos de Shea, era uma pessoa perfeita, acima de qualquer suspeita, também tinha as suas fraquezas, as suas mágoas e havia cometido vários erros, por mais que esses fossem relacionados mais a se omitir do que cometer um erro em si.

Acredito que esse livro seja mais uma história de autoconhecimento, como as pessoas podem evoluir com uma perda e como é importante não deixar que outras pessoas interfiram nos seus sonhos, do que sobre futebol americano em si. Gostei de encontrar personagens tão reais e situações que poderiam fazer parte do dia a dia de cada um. É difícil não gostar de um livro quando você se identifica, mesmo que só um pouco, com o que acontece ali.

4 comentários:

  1. Achei interessante esse fato que você nos trouxe sobre a Shea ser uma personagem mais humana, mais real. Tem livros que as pessoas são totalmente perfeitas, ou são/fazem coisas que são irreais, fica uma coisa são falsa T__T
    Adorei a resenha

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    1. Isso é uma coisa que me incomoda bastante em certos livros, quando a pessoa é perfeita demais. Eu gosto de personagens mais humanos mesmo :D
      Beijos!!!

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  2. Oi, Jana!
    Fiquei interessada no livro por tratar do luto e também ter personagens tão reais que nos identificamos com suas atitudes. Isso é mesmo ótimo!
    Amei a resenha! Bjos <3

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