Meg estava completamente confusa, ao mesmo tempo em que
estava completamente certa. Ela só não sabia como isso poderia ser possível.
Ela passou mais tempo daquela semana com Lucas, e suas explicações mirabolantes,
que não lhe diziam nada, do que em suas aulas, mas não se importava.
- Você está passando da fase da negação para a da aceitação,
por isso essa confusão. – Foi o que ele lhe disse quando ela comentou o quanto
estava incerta sobre tudo. – Quando a aceitação finalmente for maior, nós
saberemos que você aceitou o seu destino.
Ele tinha um brilho no olhar cada vez que falava em destino.
Algo que ela realmente não entendia, mas estava começando a aceitar como se
fosse certo.
Lucas não tinha mais lhe tocado desde a noite na sala do
jornal e Meg desejava que ele o fizesse. Assim como ele tirou o medo que ela
sentia, talvez seu toque tirasse as dúvidas que ainda pairavam em sua cabeça.
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Na manhã anterior ao último dia de seu prazo, ela entrou na
sala do jornal, sem nem ao menos bater. Eles estavam todos lá, os sete garotos.
Diferente da outra vez em que ela estava
tentando espioná-los, eles não gastaram mais do que um segundo a encarando,
exceto Lucas.
Sem medo, ela andou em sua direção e se sentou ao seu lado, exatamente
como fizeram muitas vezes essa semana, em outros lugares. Seu lábio se repuxou em um meio sorriso, a
fazendo imaginar que ele tinha gostado de sua atitude.
Ele voltou o olhar para o computador a sua frente. Na tela
estavam textos do jornal estudantil. Meg nunca imaginou que eles realmente
trabalhavam no jornal. Aquilo era muito mais bizarro do que qualquer coisa que
ela tinha visto, exatamente por ser completamente normal.
- Nós temos que fazer algo de útil aqui. – Diz Lucas,
olhando novamente para ela. – As pessoas não nos percebem muito, como eu disse,
mas qualquer um diria que é meio estranho uma escola ter uma sala para fazer um
jornal sem ter esse jornal, concorda? Além do que, informação é à base de tudo.
O que seria de nós se não conhecêssemos as coisas? Como faríamos as nossas
escolhas sem informação? Como chegaríamos ao nosso destino?
- Mas, por que vocês precisam ficar exatamente aqui, nesse
jornal? – Pergunta Meg, sem saber como era possível alguma pessoa não perceber
alguém como Lucas.
- Tudo o que importa no mundo é feito a base de trabalho,
suor e sangue. Você não pode ter nada sem esforço. Você tem que aprender a
reconhecer os sinais do que você deve fazer, do que o destino preparou para
você e, principalmente, como ajudar outras pessoas a trilharem o seu destino. Se
nós estamos aqui é porque devemos estar aqui. Não a dúvidas em sua mente quando
você escolhe esse lado Meg, e é muito importante que você saiba disso.
Tudo o que ela tinha em mente naquele momento eram dúvidas.
Tudo o que ela queria, era ter a certeza no mundo que ele tinha, mas como
acreditar em algo tão vago, tão irreal?
- Acreditar é a sua primeira prova, depois, você estará
pronta para o que te espera.
Meg não tinha percebido, mas todos pararam o que estavam
fazendo e estavam olhando para ela como se fosse algo novo e fascinante. Ao
sentir o rosto esquentar, ela abaixou os olhos, o que lhe rendeu um riso baixo
de Lucas. O que será que eles estavam vendo ao olhar para ela? Será que algo
mudava em seu rosto a cada pensamento que ela tinha, a cada dúvida que surgia?
- Você vai ao baile amanhã? – Perguntou Lucas, a espantando
com um assunto tão banal.
- O baile? – Meg nem ao menos se lembrava do baile anual em
homenagem aos alunos. Alunos antigos se uniam aos atuais para uma troca de
experiências, ou pelo menos era o que eles diziam. Ela nem cogitou ir. Sua
noite de sábado seria como todas as outras aquele ano, estudando, e com tudo o
que havia lhe acontecido essa semana, ela nem se lembrava de que haveria aquela
festa.
- Sim, o baile. – Lucas se levantou e todos os outros
fizeram os mesmo. – Te vejo lá amanhã. – Eles saíram da sala, a deixando mais
uma vez lá, sozinha.
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Sua mãe havia ficado surpresa quando ela disse que iria ao
baile, porém, feliz por sua filha demonstrar interesse em algum tipo de vida
social, mesmo que fosse por apenas uma noite.
Meg iria usar um belo vestido que ela tinha ganhado de sua
mãe, dois anos antes, quando ela ainda tinha a esperança que a filha se
interessasse por esse tipo de evento. Ambas ficaram muito felizes ao ver que o
vestido ainda servia perfeitamente.
Antes de sair de casa, Meg sentiu algo estranho, como um
aperto no peito. Olhou para a sua mãe, que a encarava cheia de orgulho, e a
abraçou com força.
- Eu te amo, mãe. – Mesmo sem entender aquele sentimento,
uma lágrima escorreu de seus olhos. Meg a limpou antes que a mãe percebesse.
- Também te amo, minha querida. – Ela disse, olhando em seus
olhos. – Você está tão linda, mas vamos correr antes que você chegue muito
tarde.
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A mãe de Meg a deixou bem próxima a entrada do salão. Ela
realmente não conhecia quase ninguém que participasse desse tipo de festa.
Geralmente, pessoas que, como ela, passavam seus dias na biblioteca, não
frequentavam essas ocasiões festivas.
Ela estava nervosa, já se arrependendo de ter vindo. Iria
ficar sozinha naquela festa, tinha certeza.
Mesmo assim, ela levantou o rosto e entrou. Não iria se acovardar
perante algo tão banal como um baile.
Meg sabia que, se Lucas viesse, ele não estaria no meio da
multidão. Foi assim, procurando nos cantos mais obscuros, que sua busca foi bem
sucedida. Ela sorriu ao andar em sua direção, e já tinha se acostumado a não
ter os seus sorrisos prontamente correspondidos.
Assim que ela chegou perto o suficiente, Lucas lhe estendeu
a mão. Sua respiração ficou presa na garganta. Ela queria tanto tocá-lo
novamente. Durante toda aquela semana ficou imaginando se tudo aquilo que ela
sentiu era verdade, se o seu toque tinha sido realmente capaz de tirar o medo
que ela sentia.
Certeza ou destino? Ela não sabia com qual palavra definir
aquele momento. Tudo o que Meg sabia era que, estar em seus braços, era algo
que ela nunca havia sentido, ao mesmo tempo, algo que ela sentiu falta durante
toda a sua vida.
Ela pegou a sua mão e ele a puxou para perto e, naquele
canto escuro, longe de qualquer olhar no salão, eles dançaram, como se o
universo fosse deles e ninguém mais existisse.
Quando Meg pensou que nada se compararia a aquele momento,
nesse instante, Lucas sorriu, como se soubesse de algo que ela sequer
imaginaria. Ele levou seu rosto em direção ao dela e Meg podia jurar que seu
coração havia parado de bater. Ele a
beijou, e ela sabia, no fundo de sua alma, que aquela era a sensação mais
fantástica que já havia sentido. Nada, em todo o universo, a faria se sentir
tão completa quanto aquele momento. Dois seres completos, juntos, selando o seu
destino.
- Tudo no mundo pode ser assim para você, é só você querer.
- Ele disse, sem desgrudar os lábios dos dela, como se sussurrasse diretamente
dentro de sua mente.
E ela queria aquela vida, como nunca havia desejado algo no
mundo inteiro.
Ela não precisava responder com palavras. Ele sabia o que se
passava em sua mente. A boca de Lucas deixou a sua, apenas para deslizar em
direção ao seu pescoço. Quando ele abriu os lábios, e Meg sentiu o primeiro
toque de suas presas, ela sabia que todo o seu mundo desapareceria, e uma vida
incrível começaria.
Fim!!!
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