ESCRITO COM SANGUE (PARTE 4/4)

| 09 maio 2015 |
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Meg estava completamente confusa, ao mesmo tempo em que estava completamente certa. Ela só não sabia como isso poderia ser possível. Ela passou mais tempo daquela semana com Lucas, e suas explicações mirabolantes, que não lhe diziam nada, do que em suas aulas, mas não se importava.

- Você está passando da fase da negação para a da aceitação, por isso essa confusão. – Foi o que ele lhe disse quando ela comentou o quanto estava incerta sobre tudo. – Quando a aceitação finalmente for maior, nós saberemos que você aceitou o seu destino.

Ele tinha um brilho no olhar cada vez que falava em destino. Algo que ela realmente não entendia, mas estava começando a aceitar como se fosse certo.

Lucas não tinha mais lhe tocado desde a noite na sala do jornal e Meg desejava que ele o fizesse. Assim como ele tirou o medo que ela sentia, talvez seu toque tirasse as dúvidas que ainda pairavam em sua cabeça.

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Na manhã anterior ao último dia de seu prazo, ela entrou na sala do jornal, sem nem ao menos bater. Eles estavam todos lá, os sete garotos.  Diferente da outra vez em que ela estava tentando espioná-los, eles não gastaram mais do que um segundo a encarando, exceto Lucas.

Sem medo, ela andou em sua direção e se sentou ao seu lado, exatamente como fizeram muitas vezes essa semana, em outros lugares.  Seu lábio se repuxou em um meio sorriso, a fazendo imaginar que ele tinha gostado de sua atitude.

Ele voltou o olhar para o computador a sua frente. Na tela estavam textos do jornal estudantil. Meg nunca imaginou que eles realmente trabalhavam no jornal. Aquilo era muito mais bizarro do que qualquer coisa que ela tinha visto, exatamente por ser completamente normal.

- Nós temos que fazer algo de útil aqui. – Diz Lucas, olhando novamente para ela. – As pessoas não nos percebem muito, como eu disse, mas qualquer um diria que é meio estranho uma escola ter uma sala para fazer um jornal sem ter esse jornal, concorda? Além do que, informação é à base de tudo. O que seria de nós se não conhecêssemos as coisas? Como faríamos as nossas escolhas sem informação? Como chegaríamos ao nosso destino?

- Mas, por que vocês precisam ficar exatamente aqui, nesse jornal? – Pergunta Meg, sem saber como era possível alguma pessoa não perceber alguém como Lucas.

- Tudo o que importa no mundo é feito a base de trabalho, suor e sangue. Você não pode ter nada sem esforço. Você tem que aprender a reconhecer os sinais do que você deve fazer, do que o destino preparou para você e, principalmente, como ajudar outras pessoas a trilharem o seu destino. Se nós estamos aqui é porque devemos estar aqui. Não a dúvidas em sua mente quando você escolhe esse lado Meg, e é muito importante que você saiba disso.

Tudo o que ela tinha em mente naquele momento eram dúvidas. Tudo o que ela queria, era ter a certeza no mundo que ele tinha, mas como acreditar em algo tão vago, tão irreal?

- Acreditar é a sua primeira prova, depois, você estará pronta para o que te espera.

Meg não tinha percebido, mas todos pararam o que estavam fazendo e estavam olhando para ela como se fosse algo novo e fascinante. Ao sentir o rosto esquentar, ela abaixou os olhos, o que lhe rendeu um riso baixo de Lucas. O que será que eles estavam vendo ao olhar para ela? Será que algo mudava em seu rosto a cada pensamento que ela tinha, a cada dúvida que surgia?

- Você vai ao baile amanhã? – Perguntou Lucas, a espantando com um assunto tão banal.

- O baile? – Meg nem ao menos se lembrava do baile anual em homenagem aos alunos. Alunos antigos se uniam aos atuais para uma troca de experiências, ou pelo menos era o que eles diziam. Ela nem cogitou ir. Sua noite de sábado seria como todas as outras aquele ano, estudando, e com tudo o que havia lhe acontecido essa semana, ela nem se lembrava de que haveria aquela festa.

- Sim, o baile. – Lucas se levantou e todos os outros fizeram os mesmo. – Te vejo lá amanhã. – Eles saíram da sala, a deixando mais uma vez lá, sozinha.

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Sua mãe havia ficado surpresa quando ela disse que iria ao baile, porém, feliz por sua filha demonstrar interesse em algum tipo de vida social, mesmo que fosse por apenas uma noite.

Meg iria usar um belo vestido que ela tinha ganhado de sua mãe, dois anos antes, quando ela ainda tinha a esperança que a filha se interessasse por esse tipo de evento. Ambas ficaram muito felizes ao ver que o vestido ainda servia perfeitamente.

Antes de sair de casa, Meg sentiu algo estranho, como um aperto no peito. Olhou para a sua mãe, que a encarava cheia de orgulho, e a abraçou com força.

- Eu te amo, mãe. – Mesmo sem entender aquele sentimento, uma lágrima escorreu de seus olhos. Meg a limpou antes que a mãe percebesse.

- Também te amo, minha querida. – Ela disse, olhando em seus olhos. – Você está tão linda, mas vamos correr antes que você chegue muito tarde.

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A mãe de Meg a deixou bem próxima a entrada do salão. Ela realmente não conhecia quase ninguém que participasse desse tipo de festa. Geralmente, pessoas que, como ela, passavam seus dias na biblioteca, não frequentavam essas ocasiões festivas.

Ela estava nervosa, já se arrependendo de ter vindo. Iria ficar sozinha naquela festa, tinha certeza.  Mesmo assim, ela levantou o rosto e entrou. Não iria se acovardar perante algo tão banal como um baile.

Meg sabia que, se Lucas viesse, ele não estaria no meio da multidão. Foi assim, procurando nos cantos mais obscuros, que sua busca foi bem sucedida. Ela sorriu ao andar em sua direção, e já tinha se acostumado a não ter os seus sorrisos prontamente correspondidos.

Assim que ela chegou perto o suficiente, Lucas lhe estendeu a mão. Sua respiração ficou presa na garganta. Ela queria tanto tocá-lo novamente. Durante toda aquela semana ficou imaginando se tudo aquilo que ela sentiu era verdade, se o seu toque tinha sido realmente capaz de tirar o medo que ela sentia.

Certeza ou destino? Ela não sabia com qual palavra definir aquele momento. Tudo o que Meg sabia era que, estar em seus braços, era algo que ela nunca havia sentido, ao mesmo tempo, algo que ela sentiu falta durante toda a sua vida.

Ela pegou a sua mão e ele a puxou para perto e, naquele canto escuro, longe de qualquer olhar no salão, eles dançaram, como se o universo fosse deles e ninguém mais existisse.

Quando Meg pensou que nada se compararia a aquele momento, nesse instante, Lucas sorriu, como se soubesse de algo que ela sequer imaginaria. Ele levou seu rosto em direção ao dela e Meg podia jurar que seu coração havia parado de bater.  Ele a beijou, e ela sabia, no fundo de sua alma, que aquela era a sensação mais fantástica que já havia sentido. Nada, em todo o universo, a faria se sentir tão completa quanto aquele momento. Dois seres completos, juntos, selando o seu destino.

- Tudo no mundo pode ser assim para você, é só você querer. - Ele disse, sem desgrudar os lábios dos dela, como se sussurrasse diretamente dentro de sua mente.

E ela queria aquela vida, como nunca havia desejado algo no mundo inteiro.

Ela não precisava responder com palavras. Ele sabia o que se passava em sua mente. A boca de Lucas deixou a sua, apenas para deslizar em direção ao seu pescoço. Quando ele abriu os lábios, e Meg sentiu o primeiro toque de suas presas, ela sabia que todo o seu mundo desapareceria, e uma vida incrível começaria.




Fim!!!

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