Blog Tour “A Espada de Kuromori” | Entrevista com o autor Jason Rohan

| 19 dezembro 2014 |
Estamos tendo a honra de fazer parte do Blog Tour do Livro “A Espada de Kuromori” organizado pela Editora Escarlate. Cada um dos 6 canais literários participantes escolheram um tema para fazer perguntas para o próprio autor desse grande lançamento: Jason Rohan. Agora, vocês poderão conhecer um pouco mais sobre o autor e esse mundo maravilhoso que ele criou. Confira:


CULTURA JAPONESA X CULTURA POP


1) Como uma pessoa muito fã da cultura Japonesa, ao ler o livro “A Espada de Kuromori”, muitos dos elementos ali apresentados já me eram conhecidos. Partindo desse ponto, foi muito interessante ler sobre alguém que foi jogado em uma cultura completamente diferente da nossa e tendo que se adaptar a isso. Eu gostaria de saber quais são as suas principais referências da cultura japonesa e como foi inserir nesse mundo alguém que tinha muito que aprender a esse respeito?

Quando voltei para a Inglaterra depois de passar vários anos no Japão, fiquei impressionado pela forma como muitas pessoas manifestaram interesse na cultura japonesa, mas nunca tinham estado lá, por isso uma das coisas que eu queria fazer quando escrevi “A Espada de Kuromori” era trazer minhas experiências de vida lá para um público mais amplo. Tantas coisas parecem diferentes na superfície - alimentação, habitação, transporte - mas as diferenças fundamentais estão bem enraizadas, como a estética, a comunidade e as obrigações. A melhor maneira que eu via para apresentar isso foi a de espelhar minha própria experiência como um estranho que vai para o Japão sem saber de nada, mas está disposto a mergulhar neste novo mundo, a fim de entendê-lo. Dessa forma, Kenny é uma referência para o leitor e para mim. Alguns dos erros que ele comete são meus próprios erros!


2) O enredo do livro trata de alguém que quer se vingar por um fato que havia acontecido muitos anos antes, como o próprio protagonista questiona. Os japoneses são um povo muito conhecido por respeitar os seus ancestrais e a cultura passada por gerações. Tanto no que se refere do motivo pelo qual Kenny tem que salvar o mundo e o motivo de ele ser exatamente a pessoa a salvar o mundo, ambos tratam basicamente dessas questões, fatos ou pessoas do passado que causaram essas situações. Foi pensado com base da cultura japonesa em si que você criou essa similaridade, ou foi uma coincidência tantos fatos remeterem ao passado do país e do protagonista?

Obrigado por trazer esse tema a tona! Os paralelos são deliberados. Por exemplo, não é coincidência que os dois personagens principais, além do vilão, terem crescido sem um pai, mas a experiência os moldou de forma diferente. Além disso, os eventos que ocorreram no passado distante vieram colidir com o presente. O conflito central que vejo dentro do Japão moderno é precisamente como casar esse respeito pelo passado com as exigências da vida moderna. Há uma lacuna enorme de geração para geração do pós-guerra, aquela que construiu o Japão moderno e não pode entender o que eles vêm como a juventude irresponsável de hoje, com seus cabelos coloridos e dependência de tecnologia. Com a taxa de natalidade, eu não no que isso vai dar, mas é fascinante do ponto de vista de alguém de fora. Eu vejo alguns dos filmes do Godzilla em que a luta contra um gigante antigo, um adversário de alta tecnologia como uma projeção inconsciente literal desse problema subjacente!


3) No primeiro livro, Kenny foi jogado em uma corrida contra o tempo para salvar os Estados Unidos. Agora, ele irá realmente começar a viver no Japão. Apesar de ainda ter combater seus inimigos, ele terá que conciliar isso com sua vida normal. Qual será a maior dificuldade de adaptação, culturalmente falando, que o protagonista irá enfrentar nos próximos livros?
Outra grande questão! O primeiro livro tem a vantagem de retratar a novidade do ambiente de Kenny. Tudo a partir de máscaras cirúrgicas até máquinas de venda automática de saquê é exótico para ele. No momento em que chegar aos livros 2 e 3, essas coisas terão desvanecido ao fundo como algo normal, por isso não posso destacá-los tanto. São os outros aspectos, mais sutis, como a linguagem e etiqueta que continuará sendo difícil. Sem ir muito longe, a os próximos livros irão explorar o dilema clássico Samurai de "dever contra o desejo”. Como um estrangeiro, aprendendo a negociar esse enigma particular, será o maior desafio da Kenny.


4) Qual foi a sua principal motivação para que a sua narrativa se passasse no Japão? Você costuma ter bastante contato com animes, mangas, doramas e outras formas de expressão da cultura japonesa? Se sim, qual é o seu favorito ou qual mais te inspirou ao escrever a sua história?

Minha principal motivação foi buscar algo que não havia sido feito antes, pelo menos não que eu saiba em um livro para os mais jovens. Vários autores têm escrito sobre o Japão antigo e tempos feudais mas o Japão moderno é em grande parte desconhecido, presumivelmente por causa das muitas barreiras de viagem, tais como o custo, a linguagem, tempo para obtenção de vistos, e eu queria mudar isso. Tendo vivido no Japão, eu tinha um monte de experiências diretas e me baseei nisso para escrever o romance. Eu gosto da cultura popular japonesa, mas eu não li um monte de manga ou assisti um monte de anime. 


5) Qual você considera ser a maior diferença entre a cultura japonesa e a americana? Eu acredito que uma das maiores diferenças seja a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras. Os japoneses são muito mais reservados quando se trata de relacionamentos. Eu gostaria de saber se você concorda com esse fato e se isso de alguma forma irá influenciar o relacionamento de Kenny e Kiyone no futuro?

Concordo plenamente com você. Se eu tivesse que destacar uma diferença - e são muitas - é o conceito de 'Eu' versus 'Nós'. Os americanos - e, por extensão, a cultura ocidental em geral - tendem a elevar o individual. Você vê isso nos extremos da política onde multi-milionários orgulhosamente proclamam o que eles conseguiram por conta própria. No Japão, o grupo é primordial e harmonia é um ideal. Eu vi isso na língua: em Inglês, há um monte de "Eu isso" e "Eu aquilo” enquanto que em japonês o assunto é silenciado. Eles também são mais para o espaço compartilhado contra espaço pessoal. Por exemplo, nós diríamos, "assoar seu nariz." No Japão, seria, "assoe o nariz." O pronome possessivo não é necessário porque de quem mais o nariz seria assoado, senão o seu? É verdade que os japoneses são reservados em comparação aos americanos, mas também o são os Ingleses, por isso não é muito um problema para os personagens principais. Ambos são tímidos e atrapalhados; feridos e com medo de se aproximarem. Eu não acho que isso iria funcionar melhor se Kenny fosse um atleta confiante.



#BlogTour é uma ação realizada pela Editora Escarlate em parceria com seis canais literários. Siga a página do livro e acompanhe de 15 a 20 de dezembro as entrevistas feitas com o autor Jason Rohan, do livro A Espada de Kuromori.

Amanhã é a vez do Ainda não cresci, com "O mundo dos livros em Nova York, Tóquio e Londres".


6 comentários:

  1. É bem bacana a cultura japonesa, gostei super da entrevista.
    Deve ser bem diferente falar sobre lugares como o japão.

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    1. Se você gosta da Cultura japonesa, não deixe de ler esse livro :D

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  2. Eu acho fantástico a Cultura japonesa, ela é única, tão diferente de qualquer cultura que eu conheço. Acho que eu vou gostar de ler A Espada de Kuromori. Adorei a entrevista, deu pra conhecer um pouco mais sobre o livro e sobre os pensamentos do autor.

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    1. Concordo plenamente com você. A cultura japonesa é fantástica e esse livro está entre os melhores do ano para mim :D

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  3. Amei a entrevista e a cultura japonesa deve ser incrivel mesmo! O livro deve mostrar bastante isso. Adorei!

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